terça-feira, 12 de outubro de 2010

12.10.1992

O normal de quando iniciamos um blog, na maioria das vezes, é nos apresentarmos. Fazer aquela coisa formar ou até mesmo informal, dizendo quem somos, o que gostamos, o motivo de ter feito um blog e todas essas coisas que a maioria dos chamados blogueiros fazem.
Como o meu primeiro post será hoje, dia 12.10 (e logo mais vocês vão entender o significado desta data para mim), é que decidi não escrever sobre quem é a Ana Carolina Belmonte da Silveira Câmara e fazer um post dedicado a esta data.

Se tem duas coisas que definem bem o dia 12 de outubro na minha vida, é a tal da saudade e a falta. Segundo o dicionário Michaelis:

sau.da.de
(lat solitate) sf 1 Recordação nostálgica e suave de pessoas ou coisas distantes ou de coisas passadas. 2 Nostalgia. sf pl 3 Cumprimentos, lembranças, recomendações afetuosas a pessoas ausentes.

fal.ta
(lat vulg *fallita, de fallere) sf 1 Carência, privação. 2 Ausência. 3 Esp Transgressão de uma regra no jogo. Sem falta: com toda a certeza; infalivelmente.

Há exatos 16 anos atrás, (e eu me lembro como se fosse hoje), no dia 12.10.1992, eu estava nos fundos de casa, sentada no chão, brincando perto da minha mãe e de uma amiga dela, (que não me lembro quem era), enquanto elas conversavam. Como era dia das crianças, eu estava naquela expectativa do meu pai chegar, e me entregar o presente, que nem eu sabia o que era, mas eu sabia que tinha. Eu não me lembro bem do semblante da minha mãe naquele momento, nem o que ela realmente disse, mas eu me lembro que com uma serenidade absurda, ela me olhou e disse: - "Minha filha, vamos sair"? E eu respondi: -"Vamos, onde"? E a mãe responde: - "No enterro do papai".
O pouco que me lembro depois desse diálogo, é que como eu não entendia muito bem o que era a morte, eu obedeci a minha mãe e acompanhei ela até o cemitério da cidade. Na época, eu morava em Dourados, embora eu tenha nascido em Campo Grande, como meu pai trabalhava como prefeito de Fátima do Sul, e alguns anos depois trabalhou em algum departamento do estado, que eu não me recordo qual era, acabei sendo criada na cidade.
Quando minha mãe, a amiga dela e eu chegamos ao jazido da família, meu pai já havia sido enterrado, lembro que minha mãe chorava muito, e eu, só conseguia dizer pra ela parar de chorar, não adiantou muito, mas naquele momento, eu sei que aquilo serviu de conforto pra ela.
Mesmo tendo só 5 anos quando meu pai faleceu, e já se passando 16 anos, a falta e a saudade que sinto dele é algo que não tem explicação. Lembro que ele tinha uma marcenaria, e que diversas vezes ele me levava lá pra ver os funcionários transformando a madeira em móveis, era uma coisa que eu adorava, ele ficava segurando minha mão, andando comigo e mostrando as coisas que estavam sendo feitas. Lembro também que, as vezes ele levava alguns toquinhos de madeira para eu brincar, embora na maioria das vezes as farpas entrasse no meu dedo e me maxucasse. Teve também, a vez que ele fez uma troca comigo: uma piscina pela chupeta.
Mas a lembrança que vai ficar guardada mesmo, como a mais especial, é quando eu ganhei uma bicicleta: Sempre fui descordenada e totalmente desastrada, e esse foi um dos motivos pra eu andar durante MUITO tempo com rodinha na bicicleta. Um dia, me deu a "louca", e eu pedi pra mãe tirar as tais rodinhas, ela fez, mas quem disse que a Ana Carolina conseguia andar? Foi aí que o seu Sócrates, no meio do dia, apareceu em casa, e só saiu quando eu consegui me equilibrar e andar. Foi um processo demorado, eu confesso, ele segurava a bicicleta pelo banco e pela garupa, e ia comigo até eu me alinhar, daí ele soltava, eu caía, e começava tudo de novo. Até que uma hora, lá fomos nós repetir o processo, e não é que deu certo?!
Algumas semanas atrás, estava eu toda autista no twitter colocando trechos das músicas do Balão Mágico e do Trem da Alegria, foi quando coloquei a do Ursinho Pimpão. Aquela música me fez lembrar que, toda vez antes de eu dormi, a mãe ou o pai tinham que cantar a música pra mim, e de tanto eu gostar, certa vez o pai chegou em casa com um ursinho pequeno, marrom escuro que se chamava: Pimpão.
Essa falta com saudade, tem sido muito maior nos últimos dias, não só porque é outubro, mas porque olhando pra trás, eu fico recordando os tantos momentos que ele não esteve alí do meu lado pra vibrar comigo, dar uma bronca, me incentivar. Sei que de onde quer que ele esteja, ele está olhando por mim, mas não tem como negar que a presença dele faz e vai continuar fazendo falta.
Daqui alguns dias eu me formo, e eu nunca esqueço do que certa vez minha mãe disse: - "Seu pai antes de morrer Ana Carolina, disse que acontecesse o que for, era pra eu te formar, e colocar um diploma na sua mão. Assim como ele fez com todos os seus 6 irmãos".


2 comentários:

  1. Bela surpresa, o blog. Que esse espaço seja muito bem explorado, seja com coisas boas, saudosas ou nem tão boas. Escrever é uma terapia.

    Beijos

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  2. Que belo início de blog Carolzinha.....vou passar sempre por aqui....

    Bjuuu

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